segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Além do que se vê...


Você acha que me conhece?
Por quê?
Pelo que eu escrevo aqui...?
Pelo que você vê por aí?
Seria um mar de segredos inacabáveis, embora eu seja feita de uma água extremamente limpa e clara.

Tenho pensado e cobrado do espelho uma resposta que deveria vir dos ventos desse mundo.
Dos mesmos ventos que levam os meus passos a olhares tortos.

E tais olhares tem me batido de frente, me estampando cem paredes para que não haja motivos de comemoração no meio do meu caminho.
Isso me enoja.
Quem há de dizer que assim não se vive?
E quem haveria de cortar o próprio cordão umbilical e dizer que não foi pra isso que nasceu?
E dizem por aí que as pedras que me tacam são pra evitar que me aconteça coisa pior.
E dizer num olhar quase que estrupando as meninas virgens dos meus olhos que, horrorizados ao cair da minha máscara, hão de me mudar.

Tenho vencido e recebido meu cajado de ouro, no topo pra onde eu me mudei.
O topo mais alto do mundo.


Meu coração se abriu como um terceiro olho, observando as cores de todos os sorrisos.
Tenho descoberto cachoeiras em meio a grandes arranha-céus.
E tenho mergulhado nas mais suaves ondas, invejadas por muitos...
Tenho quebrado as pérolas, daquelas que não se arranham nem com mil machadadas de uma bigorna.
Tenho lido as linhas das mãos. Das minhas. Das delas.
Tenho me equilibrado nas quinas das calçadas, e dado gargalhadas nos quase tombos, rindo de mim mesma.
Tenho dado ouvidos a grandes lamentações e tirado as duvidas dos corações.
Tenho vivido e tenho sido quem eu sempre fui.
Por isso, pra esses olhares turvos que vem pra atingir, deixo-lhes uma rosa branca a tampar a visão como fosse o meu olhar a lhes encarar.
A minha paz, esta que me segue ao lado, ninguém há de tirar.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009



Fragmentos
(Há alguns anos...)

sábado, 7 de novembro de 2009

E assim nos tornamos brasileiros.

Passei perto da ponte da saudade. Chamo ponte da saudade aquela em que a tia de um amigo escolheu para se despedir.
Num pulo ela se despediu. De olhos abertos ou fechados ela foi, e foi uma vez só. Não houve tempo de grito nem abafo. Nem um susto sequer.
Acordei em cólera. Acordei lembrando, e por ironia do destino - ou não - era o dia da minha prova prática de carro. Fui de carona com o meu pai.
Uma fila enorme de carros da auto-escola, e a ponte lá. Mas dessa vez, outra.
Havia, nesta ponte, uma vida. De repente duas. Três. Quatro, meu Deus!
As pessoas escolhem as pontes para quê? Para viver ou morrer? E por quê as pontes?
Seria isso uma busca?
Ora, usamos o termo "ponte" para muita coisa que no fundo significa esperança. A ligação de um lugar onde se está, para um lugar onde se quer ir.
Quando não falamos da forma mais banal, mencionamos Jesus como ponte entre nós, insignificantes mortais, e Deus.
Mas quando pensamos nisso, logo nos vem à mente atravessar a ponte. E aqueles que desistem no meio do caminho?
Temos, por fim, três escolhas: você atravessa, você desiste, ou você arruma um lugar no cantinho pra descançar e perder a viagem.
No mezanino desta ponte, roupas penduradas para secar. Havia geladeira, colchões. Havia vida. Havia vida?
Era uma moça que andava de um lado para o outro, gritando qualquer coisa. Enquanto o rapaz penteava o cabelo sem se olhar no espelho,
bolava um cigarro de maconha e saía fumando em direção ao supermercado com um carrinho de mão, cheio de badulaques.
E o povo assistindo.
Havia, sim, muita gente. Pessoas que evitavam olhar enquanto a mulher gritava. Ela gritava pro seu cachorro, descobri.
Mandava-o voltar pra "casa".
Uma mulher, um homem e dois cachorros. Nenhuma parede.
E a cena não me fazia o menor sentido, não me cabia na cabeça.
"Pai, e quando chover? Pai, e no frio?" A sorte é não haver criança que perguntasse isso aos próprios moradores da ponte, numa forte chuva, encolhido num cobertor fino:
"Pai, estou com medo do trovão"
Havia bem acima da cabeça daquela família, palavras pintadas e rabicadas, e dentre todas uma única palavra me fez, enfim, todo sentido: Luto.
Estavam enterrados debaixo de uma ponte, de modo quase invisivel e esquecido... Talvez mais invisível e esquecido do que a mulher que se jogou da ponte da saudade.
Amanheci, mais uma vez, de luto.


"Pela ordem - e alguma seriedade -
Luto por um país lindo,
Mas sem vergonha de
rir - quando deveria chorar,
relaxar - quando poderia lutar"

sábado, 31 de outubro de 2009

Sábado de sol...


As portas se abriram devagar, quase que automaticamente, para que eu pudesse sair.
Um sorriso logo depois da porta de vidro me apresentava o caminho a percorrer. Fui correndo para o ponto de ônibus, ansiosa com sei-lá-o-quê. Eu queria era pensar.
Entrei no ônibus quase que em câmera lenta e percebi que algumas pessoas que estavam sentadas me olhavam nos olhos ao me ver entrar...
Já olhou nos olhos de alguém querendo lhe conhecer a alma? Parecia que todos me olhavam assim, e eu os olhava assim de volta.
Ando desnuda, respirando o meu próprio ar. Ando sem corpo...
É assim que se sente, quando sente-se livre?
Alguns sentimentos simplesmente não tem nome, palavras são pouco demais perto de certos significados.
As palavras alcançam muito, sim. Mas muito ainda não é tudo, e nem além disso.
Sentei-me, e fiquei ali por um tempo, ouvindo música, esperando os quilômetros passarem.
E de alguma forma, minha visão panorâmica parou por alguns segundos: uma senhora se levantou para descer no seu ponto e segurou-se no banco para não cair.
Sua mão, grande e larga, estampou-se a minha frente. Uma mão forte, de quem trabalhou uma vida inteira e, acostumada com isso, recusa-se a descançar em pleno 70 anos de idade.
Olhei mais acima para que pudesse enxergar-lhe a alma, como havia já feito com algumas pessoas daquele ônibus.
E eu a enxerguei. Ela toda era forte, e viva, e era triste. Olhei-a como se quisesse muito dizer-lhe alguma coisa. O quê? Que diminuisse a sua tristeza.
Ela, vendo que eu a olhava, me olhou de volta e sorriu, como se tivesse entendido o que eu queria lhe dizer. Entende?
Ando sim, desnuda. E todos, como a mim, para mim desnudos.
E como eu fiquei grata àquele sorriso, e como parecia ela grata à minha compaixão.

sábado, 3 de outubro de 2009

Ascenção

Escrevi um texto um tanto quanto surreal... De qualquer forma, espero que entendam, pois como diria Clarisse: "a palavra é a minha quarta dimensão"...

De repente, os olhos dela se abriram de modo que o céu além das estrelas poderia ser visto, como um túnel levando ao infinito.
Sentiu suas mãos retomando os movimentos e numa vibração única de energia alçou vôo... O vento lhe acariciava os poros da pele à proporção que seu corpo se elevava, indo na direção do inalcançável e da perfeição...
Pôde ver a sua própria casa a metros de altura... Viu seu bairro e os movimentos sutis dos que descansavam sob a sombra das árvores. E deixou que sua inconsciência a levasse para o melhor lugar que sua mente poderia imaginar.
Atravessou oceanos, passando rasante pela pele dos golfinhos que deixavam a profundidade do mar a brincar de serem livres como as aves... E pelo mesmo oceano, desviou dos mergulhos violentos dos pássaros que invadiam o mar em busca do seu alimento.
Passou por cima de grandes navios de carga e descarga, descarregando naquele mar rios de combustível... E caçando a bel prazer os mais belos e incríveis peixes que, ao fundo, faziam do mar um arco-íris.
Perfurou nuvens, as mais suaves e densas, quase sólidas... E percebeu que não eram feitas de algodão, mas pura energia, e uma mistura dos dois mais opostos elementos: ar e água. E viu que essa mistura de ar, água e energia, numa parte divertia crianças e sonhadores que deitavam na grama a adivinhar o que cada nuvem lhe parecia. N’outra vinham-lhes como salvação de uma tribo de caras-pálidas que colocavam seus joelhos a rezar toda noite em busca de alimento para seus filhos.
E acompanhou trajetórias de alguns aviões, uns grandes outros pequenos, observando olhos de admiração, sonhos, medos, enjôos, ânimos, choros, sorrisos, desânimos, vida e morte...
E seguiu a sua rota, procurando os mais elevados montes para que descansasse um pouco da sua tão ampla visão, cheia de 360 graus. Viu a exata divisão de noite e dia, e a sombra que a Terra projetava na lua... E desceu...
Desceu...
Desceu...
Em algum lugar desse mundo ela desceu, encostando primeiro a ponta dos pés, depois os calcanhares, no mais alto penhasco que seus olhos puderam encontrar.
A visão era maravilhosa... Era a própria respiração da Terra fazendo-se física. Árvores em variados tons... Cascatas, lacrimejando suas gotas por todos os lados... Flores transformando-se em cores... Raios de sol a chicotear os picos congelados dos montes...
Abriu os braços e agradeceu por ter tal oportunidade de apreciar tanta beleza num só lugar onde tanta gente acredita fielmente que não haja mais espaço pra se criar.

Fechou os olhos e descobriu-se ainda em casa, na frente do espelho, com os olhos aparentemente abertos.

Ela sorriu... Estava de volta, a desbravar o próprio mundo...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Das coisas que eu entendo....

"Minha vida ta um furingo..."

Pois é, é isso que tá a minha vida, seja lá o que isso for!
Por isso mesmo decidi que não vou falar sobre mim... é algo pessoal demais e não to querendo tocar no assunto, ainda ta muito complicado na minha cabeça, quem sabe um dia...
Mais vale uma frase roubada: "Eu sai pra comprar sonhos e voltei com a realidade..."


"Mas tudo o que acontece na vida tem um momento e um destino
Viver é uma arte, é um ofício
Só que é preciso cuidado
Prá perceber que olhar pra dentro é o maior desperdício
O amor pode estar do seu lado"

Do Seu Lado - Jota Quest

Há um tempo cantei essa música sem pensar ao certo no que ela realmente queria dizer, mas pensando bem, não é que o cara tem razão? Exceto por um detalhe: pode até ser que uma coisa ou outra aconteça tendo um momento e um destino, mas não tudo! Tudo pronto, tudo calculadamente certinho, tudo predefinido.... Acredito numa base, uma história talvez, um caminho traçado... Mas o modo como caminhamos, o tempo que permanecemos, e se escolhemos realmente esse caminho ou um outro atalho, já faz parte do nosso livre arbítrio. Eu simplesmente não aceito a idéia de que quando algo dá certo ou errado foi apenas o destino, a vida é muito mais complexa para atribuirmos tudo ao mágico destino. É claro que muitas vezes acontecem coisas sem explicação que não tem como negar que uma força maior agiu, mas tudo da nossa vida... Isso eu me recuso a acreditar.

No mais, viver é uma arte... Uma arte para malabaristas, para equilibristas, é pra quem tem coragem... Um trabalho que às vezes requer muito esforço e nenhuma férias... O verdadeiro ofício de ser livre e feliz...

E requer cuidado... Uma palavra dita, um ato impensado, qualquer bamboleada pra fora da linha pode resultar num tremendo tombo...
É preciso cair e levantar, deixar os malabares baterem em nossa cabeça e recomeçar, tentar incansavelmente, exaustivamente, tentar outra vez... Aprender... A vida é isso, é como um cuidado calculado, um risco que no final das contas sempre vale à pena...

E você aprende que olhar apenas pro nosso umbigo não nos leva muito longe realmente, é preciso aprender a olhar para um todo, para um complexo, entender as necessidades alheias, mas tudo tem um limite, olhar sempre pela coletividade não dá!
Quantas vezes somos generosos, fazendo sempre em favor do outro, mas esquecemos a pessoa mais importante, nós mesmos, esquecemos nossas próprias vontades, esquecemos que temos que ser um pouco egoístas de vez em quando...
Eu sei que não da pra ter o rei na barriga, mas muitas vezes nos anulamos em favor de algo que nem sempre sabe reconhecer nosso valor.
Tenhamos então o equilibro de não apenas olharmos apenas para dentro de nós, mas saber olhar o outro, sem esquecer que o ensinado foi "amai ao próximo como a si mesmo", sem amar a si mais do que o outro, nem tampouco amar ao outro mais que a si mesmo...

PS: Desculpem-me a ausência, não há qualquer explicação...
Seria inútil explicar.
Meus sentimentos estavam exatamente ali...
No meu silêncio.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Fez parte do meu show....

Ando com novos planos para o blog, mas me falta tempo. Estou na reta final de um semestre, por isso peço desculpas pela ausência. Mas encontrei um desabafo meu, uma gravação que fiz enquanto conversava com alguém e, ouvindo, percebi que sairia um texto legal, então resolvi digitar. É um pouco antiga, mas achei digno, já que estou tão sem tempo pra coisas novas:

Ao telefone:

Eu sei, é complicado ter que escolher, e nessa escolha você perder.
É complicado o muro rachar e a casa cair... Uma casa que se demora anos pra construir e mais anos pra habitar.
É complicado andar a pé pelos caminhos sem saber onde vai dar.
É complicado a incerteza. O incerto dói mais que um não. Um talvez. Nenhuma resposta concreta... Nenhuma resposta... Todas incertas. Todas em vão.
Eu queria mesmo era falar do que vem acontecendo
Eu queria mostrar o que venho vivendo
O que tenho colocado dentro de mim
E socado na cara do espelho
Eu quero é mostrar, pegar na tua mão e dizer venha...
Pra esse lado
Olha o que você evita, olha que você tem medo
Sinta o que você tem evitado sentir
Eu quero te mostrar...
(...silêncio...)
Eu tenho procurado respostas.
Tenho culpado a pessoas que talvez nem saibam dos espinhos
Tenho procurado culpado num lugar onde são todos vítimas.
Vítimas das próprias escolhas, e do que querem pra si.
Vítimas do que chamamos de livre-arbítrio.
E se o próprio livre-arbitrio nos prende... O que poderia, de fato, nos libertar?

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu nasci há 10 mil anos...

Eu cansei de ser aquele bonequinho de fantoche nas mãos de uma vida cotidiana.
Eu sou o que chamam de fênix, sou um pedacinho de cinza se transformando em gente. A poeira que dança no espaço, um pontinho de luz que se ascende no breu.
Eu não tenho medo da morte, nem do cansaço da vida. Eu não temo a guerra, nem espadas afiadas de dois gumes. Não tenho medo de andar nua pelas brasas do inferno.
Eu tenho sede de mim e da minha própria energia que descende dos meus antepassados:
Dos índios, dos italianos que sofreram exílio. Dos animais que sobraram da arca de noé, das bruxas que morreram com seus gatos nas mãos. Das árvores derrubadas das fortalezas do Eldorado, das poeiras estelares e dos buracos-negro que sulgaram planetas inteiros, e dos cometas com seus rabos a ordenar signos, sortes e azar.
Eu sou um pedaço do mundo que um dia foi um lar e hoje se transforma em caus.
Descendente do braço da cruz que levou Jesus e de um dos espinhos que perfurou sua cabeça. Eu senti Seu sangue escorrer. Descendo de Pedro, Maomé, Moisés, Jó e seus pedaços de carne crua pelo chão. Descendente dos homens das cavernas que saiam correndo a caçar dragões para poder se alimentar.
Cansei de me fingir de vítima, de humilde camponesa, presidiária de um corpo que não sabe voar. Desde pequena tive esse receio: o de me sujeitar a normalidade de um ciclo vicioso, da rotina e das responsabilidades. Procurava no topo das árvores o vento que eu não sentia ao ter os pés no chão. Procurava no fundo dos mares a suavidade que não encontravanas areias que afundavam meus pés.
Estou sujeita a todos os tipos de dores e de contratempos, sei que o que me ronda eu não posso controlar. Mas tenho direito as minhas escolhas, tenho direito a escolher pelo que eu choro e pelo que eu acredito ser feliz.
Eu sou diferente do que se está acostumado a ver. Não nego o fel do cálice que transborda em cada mão. Não me frustro com algo que dá errado porque eu não sossego até que eu deixe do meu jeito. Eu sigo. Eu vou. Eu faço... E se eu cançar, me perco dentro de mim até encontrar meu próprio bixo-papão e enfrentá-lo como venho enfrentando todas as outras coisas que se colocam contra mim.
Eu sou a imperfeição e o consolo da mesma.
Não tenho medo do erro. E se me perguntarem o que eu temo, é fácil responder: tenho medo é de ter medo!
De tanta coisa que já passou por esse chão, do sangue derramado pelas mãos de Hitler e pelos soldados de Bush. Das magias negras, dos corações partidos, de senhorias transando com animais e distribuindo suas doenças pelo povo humilde e pelo meu Brasil antes virgem e intocado, hoje povoado e caído, sofrendo venda de terras pra um exterior que mal se preocupa em manter a Terra a salvo.
Eu, que não cometo crimes ediondos, dou minha cara a tapa e cuspo mel nos meus pés.
Eu, que por ser diferente sou julgada de todas as formas, observando as achuras de uma terra já seca de tanto chorar.
Respondam-me, vocês, uma coisa: Eu, que não lhes devo uma moeda, deveria me preocupar em lhes agradar?
O céu é limite, e é pra lá que eu vou.
Tenho nas minhas veias a força de uma história que não começa em 1989, mas há milhões de anos atrás. Sou Filha de Gaia e de Deus.
Eu vejo pelos olhares não apenas menina muda dos olhos, mas homens e mulheres gritando e implorando por ajuda.
Não digo que gosto de sofrer. E quem gosta?
Mas uma coisa eu lhes digo, meus amigos, toda dor junta é muito pequena perto da certeza de se sentir a própria vida navegando dentro de si.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pandora

Fui convidada a participar de um novo projeto de blog. E o mais lindo da história é que fui chamada por uma pessoa que admiro muito nessa blogosfera, seus textos são perfeitos! A Lívia, do Assunto de Meninas me abordou numa certa noite e eu duvidei da idéia, mas como uma louca geminiana, no dia seguinte eu já estava criando a imagem do layout, empolgadíssima!
Ultimamente tenho andado um pouco sem tempo, afinal administrar trabalho e faculdade não é lá a coisa mais fácil do mundo, mas damos o nosso jeito, sempre. Afinal tudo que eu quis na minha vida eu consegui, então dominar um pouco o sono não é a luta mais árdua, os meus olhos ardem.

Enfim, sem mais rodeios, convido a todos a dar uma passadinha lá pra entender um pouco do que eu digo:


PS: Não, não estou abandonando esse blog, vou continuar aqui, mas darei um pouco o ar da minha graça por lá também.

sábado, 2 de maio de 2009

Uma carta pra vocês! (essa não é mais uma carta de amor)


É, meus amigos, ás vezes as coisas simplesmente não acontecem do modo como esperamos ou desejamos. Dizem que querer é poder, mas a verdade absoluta não é bem essa, porque o querer vem da gente e o poder, este vem de Deus.
Estive um tempo sem internet e computador em casa, mas agora as coisas parecem que voltaram a funcionar como deveriam, mas neste tempo não deixei de escrever e colocar no papel um pouco deste meu mundo de certo modo tão surreal e gritante.
Isso, gritante. Gritante como gritam meus olhos sobre o que acontece dentro de mim.
Mas desta vez escrevo, leitores, afim de uma conversa de humano para humano, e quem tiver sensibilidade, entenda as minhas linhas:

Oxalá liberdade fosse um presente obrigatório para cada um!
Ora, andei observando por aí as pessoas andando pelos corredores da faculdade e pelos becos solitários. Vi nos olhares um mundo de possibilidades e uma escravidão de necessidades, de afazeres e responsabilidades. A razão pesa no lado esquerdo do cérebro e as pessoas andam tortas, pendendo, quase caindo pro lado. Acontece que se pensarmos apenas naquilo que parece possível ou racional, esquecemos de tudo o que realmente queremos e o que resta são compromissos. E daí as pessoas se esquecem do gosto do dia-a-dia para viver em função de algo que ainda virá.
Não sou certa, nem exata, sou errante, uma vaga-bunda sem casa. Mas eu me conheço, passei por um processo de autoconhecimento que me rendeu muita força ao longo dos anos que já vivi e que ainda hei de viver! Eu me permito. Eu vivo a minha essência e o mundo para mim não é segredo. É curioso. É engenhoso. O mundo, assim como eu, vive sua essência, e ao contrário de mim, ele sim é exato e certo como deve ser. Eu nasci do pó, o mundo também. Logo, faço parte desta terra que nomeamos Gaia.
Assim como somos todos descendentes de um único ser, somos também filhos de Gaia. O mundo gira em torno de si mesmo e nós, querendo ou não, também somos assim, sempre motivados pelos nossos próprios desejos, buscando sempre o próprio prazer. E deste egoísmo surge a escravidão. Se algo dá errado por conta dos contratempos da vida, as pessoas culpam as voltas do mundo, mas isso é tolice: o mundo não nos deve nada. Ele chegou primeiro, depois os animais e por fim, humanos foram os últimos a povoá-lo. E para entender um lugar no mundo, é essencial que entendamos a nós mesmos.

Aconteceu recentemente, numa rua escura e pouco movimentada a espera de um ônibus, um pouco mais adiante, um homem espancava um mendigo enquanto eu era roubada por uma mulher que me dava duas opções: 10 reais ou um tiro na cabeça. Ela queria 10 reais, sabe-se lá para fazer o quê, ou a minha vida. Eu dei risada e enquanto tirava meu dinheiro do bolso, ela vendia a própria alma. Eu perdi 5 reais e a passagem do ônibus. Ela perdeu a si mesma, pela necessidade que tinha de comprar o que lhe custava exatamente 10 reais. Ela, ironizando, pediu pra eu chamar a polícia. E eu, na resposta de sua ironia, respondi que ficasse tranqüila e fosse com Deus. Eu não sei por qual caminho aquela mulher tomou seu rumo, mas seja onde for, ela mal sentia a sola dos seus pés. Enquanto o cara que batia no mendigo provavelmente não sentia mais que sua mão calejando.
Passado alguns minutos, apareceram dois caras, estendendo a mão ao mendigo ajudando-o a levantar. Três minutos depois passou meu ônibus, entrei e a cobradora, ao saber do assalto, não cobrou a minha passagem.
Tenho dó da mulher que me roubou. Tenho dó do cara que bateu no mendigo. Não me fez falta aquele dinheiro, e o mendigo recebeu um aperto de mão... E vai saber quando fora a ultima vez que ele teria recebido um aperto de mão de alguém.

Esses foram exemplos fortes de egoísmo e escravidão, e infelizmente é fato diário, acontece todos os dias.
As pessoas não sabem viver quem são, e vivem quem querem ser. E quem não consegue desfarça sua frustração numa carreira de cocaína ou numa garrafa de cachaça barata. A vida sempre exige mais. Se você for bom, a vida vai querer que você seja melhor. E é por isso que temos que ser quem somos, nem melhor nem pior, nem mais nem menos.
O mundo é cheio de possibilidades, cheio de lugares maravilhosos e de becos horrorosos. Se somos feitos de pó, se somos de origem de Gaia, também somos assim. Temos nossos lugares, nossos mistérios, nossas maravilhas, nossos defeitos, temos nosso lado horrível e obscuro, mas temos todos a própria luz.
Isso é liberdade. É ser quem realmente se é. É ter suas caras, suas expressões, é sentir à flor da pele a sua própria alma tocar onde toca sua mão.
E nessa prisão de tentar agradar a si, as pessoas esquecem de se amar, esquecem de se ter pra ter aquilo que considera ser o seu prazer.
Todo mundo quer ser feliz. E a felicidade está dentro de cada um.
Esse é o segredo da liberdade.
Esse é o segredo de se conseguir o que se quer: procurar dentro de si.
Todo mundo sai correndo atrás da felicidade, mas aí vai um segredo que aprendi e guardo com todo coração: A felicidade é simplesmente o modo como caminhamos, não um destino.

PS: Como lição de vida, nossa Terra, mesmo com tantos mals tratos e destruições, mantém-se viva, brilhante e imensa como sua essência é:




domingo, 12 de abril de 2009

O melhor presente Deus me deu...

Ganhei de Deus três presentes maravilhosos, e com a ajuda deles venho desatrofiando meus nervos e me rendendo aos passos de cada dia:
Tenho comigo, todas as noites, um ser preguiçoso que dorme no meu colo e que me espera chegar em casa depois de um dia deveras cheio... Meu gatinho, que surgiu do nada e veio pra ficar... E ai de quem quizer tirar ele de mim!
Tenho pra mim, durante as horas do dia, um trabalho que é a minha cara, pelo qual eu sou apaixonada e que faço da melhor maneira possível!
E tenho, entre todas as coisas, os melhores amigos do mundo!!!

Meu trabalho, meus amigos e meu anjinho dorminhoco... O que mais eu poderia querer?

Hakuna Matata

O que tiver de ser, será...

Mensagem de desfarçe

terça-feira, 31 de março de 2009

Se eu não tenho o meu amor, eu tenho a minha dor...

Tenho uma corrente amarrada ao meu corpo... Uma única corrente que laçada ao pescoço vai se desenrolando.
Pernas, mãos e língua...
E quem nunca se sentiu assim?
Impedida de prosseguir, de seguir, de chegar, se achegar, aconchegar...
'Inda' bem que é noite, mal podem ver meu desespero regado a sussurros.
A outra de mim está ali, do lado de fora, na contra-mão, fingindo sanidade.
Esta sou eu: Interna. Calada. Malfeita. Discreta. Hoje vencida, domada.
Uma tela na minha frente, mostrando um filme de um colorido tão intenso que me arde os olhos... E eu choro.
Reflexo dos lugares onde estive, dos carinhos que eu tive e dos sorrisos que eu dei.
Reflexos... Cruzo meus braços, defaço meus laços e choro...
Não sei qual rumo dali eu tomei, não sei.
A vida chega e dói, corta...
E foi na minha espontaneidade que fui pega.
Ora, mal sabia eu... Era proibido!
Era proibido ser feliz. Era proibido ficar ali.
Era proibido sentir dor ou amor... Era proibido.
Eu, fora da lei que sou, fui posta fora de todas as outras coisas
Fora das casas, fora das vidas e da lógica dos casais perfeitos.
Fora-da-lei.
Fora dos limites do certo e do errado.
Fora dos limites das noites mal dormidas.
Fora dos limites das dores escondidas...
Fora dos limites dos sorrisos estampados.
Fora dos limites das paixões.
Muito amor, extremo amor... Fora dos limites.

EU senti todas as coisas... vejo no filme que me obrigam a olhar.
Vivi todas as coisas... Como se fossem tudo. E o eram, para mim o eram.
O que para outros era um cotidiano dos finais de semana... Para mim, cada gesto era todos os gestos desse mundo.
Vivi o que toda gente vive... Mas pra mim foi a válvula. A exceção. A perfeição.
O experimento de uma vida que eu poderia ter, e que não era minha por não poder...
Senti tudo de todas as maneiras, vivi tudo de todos os lados.
Cometi todos os crimes.
E me julguem como necessário, não vou mais reagir.
Eu choro, do tanto que sorri.
E chamem Tiersen, Marradi e Chopin a velar minhas lágrimas que secam na areia deste chão.
Daqui vai nascer quem há de crescer.
Pois da dor há transformação.
Transfiguração.
Festejam a minha dor e lançem sorte do lençol que sobrou.
Coloquem uma fita azulada no que sobrar e joguem ao mar...

Do lado de fora, agora, vou para a cama com o souvenir dos sentimentos mais discretos, em cujo baixar de olhos há uma paisagem das colinas de um corpo há muito apreciado...
Deixo em cima da cômoda a intenção de um anel
E calo a minha boca, afogo-me na noite com o sono que, provavelmente, não há de vir.

domingo, 22 de março de 2009

Nada vai me segurar!

Vou falar no vocabulário popular.
Cansei de fingir, das entrelinhas, de esconder numa frase as minhas quinquagésimas intenções.
Quero mesmo é que entendam a minha voz, e que eu supere os mil autofalantes da Adriana Calcanhotto.
Tem um monte de gente ao meu redor gritando histéricamente o que vêem em mim, enfiando seus dedos gordos nos meus olhos, ouvidos, até na minha garganta querem enfiar suas próprias falas.
E não pensem que seja revolta. Não! É sentimento! É vontade. É necessidade. Sou eu. E eu não sou o que se vê, mas o que se sente. Não sou sequer o caminho que eu faço, mas a razão pelo qual eu o tomo. E essa razão desconhecem.
Eu quero mais é chegar!
Tem tanta coisa ridícula nesse mundo. Tanta porcaria, tanto mal cheiro, tem umbigos de fora se orgulhando de tanta gordura.
E eu, na minha humilde tragetória, me esquivando das minhas próprias dores e confusões... Eu dou risada da ignorância alheia. Eu não sou um espelho, eu não sou o que querem que eu seja.
Eu furei a minha língua nos meus 18 anos.
Eu beijei mulher.
Eu não sou mais virgem.
Eu feri um coração por saber dizer não!
Pois é, eu sei dizer não, e sei muito bem como se faz isso. Simplesmente NÃO.

Já doeu tanta coisa... Já soube do que iria me acontecer, e isso não evitou que acontecesse. Também não evitou a dor.
Conselhos são dispensáveis, afinal uma pessoa só aprende quando sente.
Vai dizer que você nunca colocou a mão no fogo mesmo com pessoas te avisando que queimava?
"Ai!!!"
"Não falei pra vc não por o dedo aí, menina, que isso queima!"
"Buáááá"
"Vem aqui que a mamãe assopra"
Doeu, aprendeu, sarou... E lá vai a dita cuja da criança brincar com fogo de novo...
Adultos? Aonde?
Gente é gente! Coração é coração. Não muda.
O ateu, no susto de um acidente, deixa escapar um "Meu Deus, socorro!"... Sai vivo. Ainda ateu.

Não quero escandalizar. Eu quero é RESPEITO!

Pelas minhas escolhas.
Pela minha vida.
E pelo sentimento gritado dentro do peito.

E depois dizem que é pro meu bem... Ai-ai-ai.
Querem mesmo o meu bem?
Tragam ela pra mim!

sexta-feira, 20 de março de 2009

...

Estou assim, meio "sei-lá".
Sabe?
Sei lá.

Estava conversando com uma amiga minha e me lembrei de um texto da Elisa Lucinda, deu vontade de reler. E é incrível como não importa quantas vezes eu o leia, ele sempre me surpreende, então resolvi postar.

"A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!"

Elisa Lucinda

* * *

E mais selinhos! *-*

Ganhei dois selinhos, os dois da Lívia. Mas um de cada blog.
Este ela me passou pelo Assunto de Menina:


E este próximo veio do Clube da Luluzinha:


Com este, devo listar as 7 coisas que me fazem sorrir, então lá vai!

1- Meu gato, quando chego em casa e ele vem correndo me dar oi, miando e me fazendo carinho.
2- Meus amigos (todos!)
3- Coisinhas antigas
4- Riso (e pés) de neném
5- Beijos sapecas, em lugares proibidos.
6- Ver alguém sorrindo pra mim.
7- Acordar com o meu amor.

Depois disso eu deveria escolher 7 blogs que me fazem sorrir, mas vocês sabem que sou péssima em escolher blogs porque amo todos da minha lista! Então, como é de praxe, repasso os selinhos pra quem, da minha lista, aceitá-los! ;)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Sem lenço e sem documento...


Não sei até aonde eu acredito nisso, mas querendo ou não tem lição que vale pra qualquer momento da vida:


Não desperdice a sua vida com aquilo que lhe vai ser tirado. Confie na vida. Se você confiar, só então, será capaz de abandonar o seu conhecimento, só então, poderá colocar de lado a sua mente. E com a confiança, algo imenso tem início. Esta vida deixa de ser uma vida comum, torna-se plena de Deus, transbordante.
Quando o coração se torna inocente e as paredes desaparecem, você fica ligado ao infinito. E você não terá sido enganado; não existirá nada que lhe possa ser tomado. Aquilo que pode ser tirado de você, não vale a pena guardar; e aquilo que não há como ser tirado de você, por que haveria alguém de ter medo que lhe seja tirado? -- não pode ser levado, não há possibilidade. Você não pode perder o seu tesouro verdadeiro.

Osho The Sun Rises in the Evening Chapter 9

Comentário:

Este é o momento de ser aquele "ioiô humano", capaz de se atirar no vazio sem a proteção do cabo elástico amarrado aos pés! E é esta postura de confiança absoluta, sem reservas nem redes de segurança escondidas, que o Cavaleiro da Água exige de nós. Uma grande euforia nos invade quando conseguimos dar o salto para o desconhecido, ainda que essa simples idéia nos apavore.
E quando adquirimos confiança ao nível do salto quântico, deixamos de fazer quaisquer planos elaborados, ou preparativos. Não dizemos: "Muito bem, confio que sei o que fazer agora: vou pôr em dia meus negócios, preparar minhas malas e levá-las comigo". Não; nós simplesmente saltamos, sem pensar muito no que virá depois. O importante é o salto, e o arrepio que ele nos
provoca à medida que caímos em queda livre pelo vazio do céu.
A carta nos dá, entretanto, uma "deixa" a respeito do que nos espera no outro extremo -- um delicado, convidativo, um delicioso rosado... pétalas de rosa, um suculento... "Venha!"

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Meu mundo fechado pra visitação


Enfim, fui falar com ela...
Contei-lhe da minha dor, desta que quase não me deixa dormir.
Mas à dor dei outro nome e culpei a mim, transbordei realidade.
Apontei a criança da calçada e ela me contou da senhora na
rua. Contei do pão sangrado que o filho comia.
Ela me contou sobre sistema do qual fazemos parte, e me comparou com Pessoa. Patentiou minhas frases e tirou de mim meus futuros dias. Me deu o HOJE de presente.
Deu-me a mim de presente, e colocou na minha frente um espelho.

E eu me vi, quase não reconheci.
Em verdade a minha dor é escondida.
Tirei a máscara.
Não vi em mim senão uma negação da relação entre razão e emoção.
Não vi em mim senão duas janelas fechadas e uma porta trancada.
Ninguém entra. Ninguém sai.
Sou o possível real imaginário, desconhecidamente incorreta.
Vencida.
Derrotada.
Escondida.
E uma sacudida em urros de dor na saída.
Petrificada, um caco.
Um cacto!
Sou o pedaçinho de uma pétala entre as pedras.
Sou como quem pensa e logo esquece.
Dividida entre o que eu devo, quero e posso.
Falho nisso também.
Sou falha, reles, ilusória, iludida.
Perplexa gaguejo, me calo, contraio, remôo, me entupo...
E ao encarar meus olhos, o que hei de dizer?
Nem estrume nem vermes de conquistas perdidas me fazem história!
Tenho subestimado meu sangue barato...
Tenho colocado em prova minha única vida, e meus 19 anos vividos.
Tenho apertado ao coração os medos mais vis e as provas mais terríveis.
Minha viagem tem sido terrível.
Mas sou eu e minha língua apimentada queimando a garganta
Sou eu pressionando a ponta da faca para que perfure ainda mais minha carne.
Sou eu olhando ao meu redor, urrando rebeldia entre milhares de conformados.
Sou eu, quase ninguém, que é alguém sem o ser.
Amargurada, de caligrafia desnuda.
Eu que, sendo consolada, nego consolo. Eu faço da alma um pano de enchugar lágrimas.
Faço de mim aquilo que menos sei fazer.
A armadura que me deram era cor ferrugem. E eu, que prefiro branco, não vesti.
Eu morrerei. Se é que já não morri.
Desmistifico a morte, fazendo-me morta em vida.
E que a minha paz não vos iludam, pois é a paz de alguém que já se foi.
E que descançe em paz minha alma quase valente e meu coração quase contente.
Pois não vêem que meus olhos já não se molham mais?
Eu em confronto comigo.
E quem vencerá?
Por instinto me desvio.
E todas as minhas armas por saudade, vontade ou dor se desfazem.
Eu, pobre de mim, errônea.
Fechada na minha insanidade, desprezo meus feitos e seus efeitos.
Frágil.
Aqui jaz o meu destino que morreu de fome.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

E por falar em saudade

Enquanto a fumaça dançante do incenso brinca pelo quarto, o cheiro de morango mistura-se com o gosto relaxante do chá que, aos poucos, acalma o stress de mais um dia corrido...
E da saudade que dá dos dias em que eu me esparramava na sua cama, debruçando o meu peito sobre o seu.
Há quem diga que saudade é um sentimento bom... Eu não sei ao certo o que pensar.
O celular vibra sutilmente enquanto eu me perco dentro de mim procurando te encontrar.
E te encontro ali, me chamando, pensando em mim e vindo ao meu encontro numa dessas ligações que chegam pra aliviar.
Era você... E na sua voz, o gosto da vontade... E quanta vontade!
Lembrou-me dos tempos em que minhas mãos desenhavam o seu corpo e as curvas da sua boca de um beijo tão perfeito...
Poucos minutos de ligação...
Um pouco da sua respiração...

E saudades.

PS: Desculpem a ausência nos comentários dos blogs que tanto gosto... Os dias voltaram a correr numa velocidade desapontante. Mas assim que eu puder, comento todos!
Bjs!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Fique, sim, livre...

Lá, longe daqui, nos primórdios dos jardins do éden, já viveu o sofrimento e a tentação...
E pra quem não acredita, deve se lembrar do "Big Bang", da evolução do macaco, que seja...
Lá, no começo do começo, uma lágrima já começava a ser transformada em adubo pra terra crescer um pouco mais.
A vida dói. O crescimento dói.
Dói nascer, quando a cabeça da criança passa pela bacia do corpo da mulher.
O abrir dos pulmões também dói.
Dói dar a luz. Vai fôlego, vai lágrimas...
Dói crescer, e ter que deixar pra trás os sonhos da fadinha-do-dente e do papai-noel. Ou até mesmo os sonhos que, na nossa inalcançável imaginação, nós mesmos inventamos.
Dói ter que ser alguém, as cobranças doem... O primeiro amor dói. O sofrimento de um amor não correspondido dói...
O percorrer da vida, os passos longos ou curtos... E os incertos, ah, esses doem mais! Dói cair!
E quando temos que nos despedir de alguém, isso dói e não passa... Quando a pessoa se vai e não dá tempo de dar tchau.
Dói os sacrifícios...
Dói, ainda, olhar pro lado e perceber o sacrifício dos nossos pais em sobreviver, e lembrar lá atrás que talvez deixaram de comer pra encher nossas barrigas.
Dói ter consciência das vidas que não são nossas. Ter consciência que no mundo há mais do que imaginamos.
O sacrifício de uma criança no semáforo pra salvar a fome do irmão mais novo.
A fome dói.
Um filho morto por uma bala perdida, isso DÓI!
Dói envelhecer... E perceber as rugas de antigos sorrisos e lágrimas marcando o rosto.
Dói ver na mão das nossas mães, aquelas mãos protetoras, de tão cansadas, passam a tremer.
A solidão dói.
Perceber que os filhos se foram, cada um pra um canto. Que o marido também se foi, e que há um lugar vazio no sofá...
Viver dói, mas ninguém pediu pra nascer...
Eu tenho 19 anos, e certas coisas já me doem.
Me dói ter medo... Mas eu tenho!
Dói me sentir só... Mas, às vezes, eu me sinto...
Dói ter que ser alguém... Mas dói mais não ser ninguém.

Estamos sujeitos à dor, porque o mundo ainda não é perfeito.
Talvez se um dia os pólos mudarem de negativo e positivo para positivo e positivo.
A vida pede fôlego, e este presente nos foi dado ainda sob proteção do ventre das nossas mães.
A vida pede coragem.
A luta é individual...
A questão não é ganhar ou perder, mas sim se libertar e encarar!
Se a vida dói tanto, cabe a nós fazer a dor valer a pena... E cada um encontra um pedaço de felicidade onde acha que deve.
Felicidade eterna, essa não existe. Não neste mundo.
Olhar pra cima e lembrar que enquanto existir um fio negativo para suprir o positivo, a luz ascenderá.
Luz não faz sentido sem escuridão.
A lua existe por causa do sol, e o sol só é confortável quando chega uma nuvem e nos protege dos raios nocivos.
A felicidade não faria sentido se não conhecessemos o vale das lágrimas e tristezas...
Uma coisa depende da outra. Equilíbrio.

A vida vale sim a pena e a dor de ser vivida.
Dói. Dói muito. Cada escolha é uma dor. Mas a cada escolha há também uma recompensa.
A alma é imortal. Ou vocês acham que tudo o que sofremos e vivemos se vai depois que morremos?
No entanto, deve ser assim como dizem...

"Tudo vale a pena quando a alma não é pequena."



PS: Desculpem o texto um pouco pesado, mas temos blog também pro desabafo.

Selo e meme...

Recebi um selinho bem massa da Jessica de Make me Feel (seu ultimo post está ótimo!)... E um meme da lindissima (não é puxa-saquismo, simplesmente sou fã de todos os seus textos) Lívia, do Assundo de Menina.

Eis o selinho:

O meme é o seguinte:

1. Colocar o link de quem te indicou pro meme;
2. Escrever estas 5 regras antes do seu meme pra deixar a brincadeira mais clara;
3. Contar 6 fatos aleatórios sobre você (essa é a proposta da brincadeira!);
4. Indicar 6 blogueiros pra continuar o meme;
5. Avisar para esses blogueiros que eles foram indicados.

E lá vamos nós...

1~* Estou em constante crise existencial e, ultimamente, isso tem me afetado mais que o normal.
2~* Meu chocolate preferido é Milka... De preferência com avelã.
3~* Tudo o que eu quero agora é um pouco de sossego... Uma maçã e uma rede pra eu deitar, por favor...?
4~* Minha psicóloga diz que tenho preocupações muito pesadas pra minha idade. (Isso me faz acreditar que, às vezes, sou mais velha que a minha vó)
5~* Ainda leio gibis da Turma da Mônica. Na maioria das vezes compro pro meu irmão, mas quem acaba lendo sou eu. E morro rindo! (Isso me faz acreditar que eu não sou tão velha assim)
6~* Na encarnação passada eu era uma vaca. Francesa. Vivia na Índia e por isso morri de velhice, não no matadouro. Isso explica bem o fato de eu ter paixão por vaquinhas, viver de leite e salada, adorar a lingua francesa e ser tão ranzinza!

Bom.. O selinho eu quero dividir com a Lívia, que me passou esse meme divertidissimo!
Quanto ao meme, acho que vou fugir um pouco da regra, e dar de presente pra quem quiser pegar! =)

Beijão!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009


Exageradamente você

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Confesso...

"Conformar-se"
Todo mundo se conforma e sobrevive.
"É a vida, nada é perfeito..."
ISSO... Já é um pedaço do inferno.

Ser humano é ser bixo. Animal.
Porque podemos calcular somos superiores... Olha a ironia, pensa ser racional.
E onde estaria a racionalidade, se com fome somos capazes de comer insetos? Agimos por instinto.
Mas um ser racional que finge racionalidade muito bem, chamando testemunhas para que na saúde e na doença, o vestido branco da pureza eternize a noite de núpcias. Se já sabemos que casamento eterno, hoje, está em extinção. Se a pureza se sujou, e a noite de núpcias há muito se iniciou...

Um cachorro proteje mais a um amigo morto que o pai a uma filha ainda viva.

Por amor eu faço tudo!
Um animal faz mais.

...É como se houvesse algo me incomodando.
Alguma coisa me incomoda.
Uma dor, e lágrimas...
Um espinho, como se esse espinho fosse eu...

E dói ser um espinho.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Um pouco mais de alma...

O friozinho que faz lá fora ajuda bastante...
Inércia.
Silêncio.
Plenitude...
E um leve toque de incenso e chá.
É assim que termino os meus dias, deitada entre as ondas de uma boa melodia, estagnada, coberta pelas carícias do meu edredom.
O tempo pára, e o mundo começa a contagem regressiva de cada segundo.
Eu sei, logo o mundo todo começa a correr novamente, mas eu não quero pensar.
A vida cotidiana é cheia de passos tão certos que nem os olhos mais podem enchergar... Apenas os pés que caminham para lá.
No mais, quero apenas descansar, respirar...
Entre uma pestana e outra, murmurar a música descompassada pela goteira do quarto ao lado...
E acabar aqui, num sopro...
No ritmo das pálpebras que aos poucos se fecham.
E se fecham.
E nos fecham...


"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade."
Mário Quintana

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Deixa estar...


"Deixa eu te fazer uma pergunta..."
"...faz"
"Você me ama?"
"Não..."
"..."
"Eu te amo demais!"

Eu tinha tanto a dizer, mas descobri que às vezes é melhor ficar calada e apenas ouvir.
Antes não estivéssemos ao telefone, aí nem uma pergunta mais me caberia.
Seria preciso apenas sentir, no movimento do corpo, a respiração.

Às vezes a melodia fala mais que as próprias rimas, e aos poucos você descobre que há, realmente, palavras demais nesse mundo. E nesse amor nada reticente, o que sobra mesmo são apenas minhas reticências e um pouco mais de caminho a dois...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Coisa mais adorável

Abri meu coração, revelei minha alma.
Embrulhei-me para presente com fita de cetim.
Vesti-me de seda, me enfeitei. Vi estrelas cadentes e acreditei...

Fica dificil agora pensar em outra coisa senão nos braços que laçam meu corpo numa tentativa vã de pegar no sono.
Encontro a lua que corre rasante pelo céu, enquanto meus dedos encontram-se com os seus. O tempo voa... É tudo tão perfeito. Você. Eu. Nós e os nós das minhas pernas confundidas com as suas.
Já não há mais voz rouca pra cantar, nem teclas pra digitar... A ponta da caneta grita no papel envelhecido as causas deste mundo que já não me importam mais.
Por quase um ano esperei por isso e meus olhos agora vidram de perto a fantasia que sai de um sonho e torna-se real, chegando a tocar num gesto curioso as manchinhas que o sol te deixou.
As tais manchinhas que eu amo em segredo.
O mundo enfim dando as últimas voltas em torno do sol para completar o nosso ciclo, e por esta viagem os astros abençoaram nossos caminhos e abriram-nos portas para uma nova solução: A união.
Eu já nem sei mais quando sou eu em você ou quando é você em mim. Na tua pele descança um desenho meu e eu... Ah, eu adoro fanta laranja!
Cada uma em seu lugar e eu assisto "A Favorita" porque você... Também!
Espero sua ligação.
Boa noite, dorme bem.
Eu te amo...
Eu também.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Renasceu da guerra... E amanheceu

.
Recomeça-se por onde?
Pelo começo, pelo meio ou pelas últimas reticências...?

"Deve ser uma pessoa maravilhosa esta a quem olhas..."
E é.

Esqueço a rudez das palavras e dos sonhos perdidos entre tantos pontos finais.
Esqueço os abraços teatrais e os jogos juvenis de mal-me-quer, bem-me-quer... Mal-me-quer...
Esqueço a curiosidade dos meus olhos que por vezes tentava descobrir o que vinha além do muro que batia contra o meu rosto.
E da eterna insatisfação de quem está a descobrir a paciencia, a luta, a vontade e o amor incondicional...
Deixo de lado qualquer instabilidade, e as fases da lua nos olhares.

Aqui eu fico...
Ousaria esquecer paixões, decepções, sorrisos e lágrimas qualificando o presente, sendo o presente uma presença.
Guardo meus passos para que andem na velocidade de uma vida de dias contados... Gigantes passos.
Recomeço ainda mais intenso, com a intensidade de cada dia chegando-se para o último sol.

E o futuro...
Promessas sob o luar, no pier, à luz de velas, ao som do sono que chega aos poucos, e aos poucos se vai com o amor que exalado pelos póros faz suar a última gota da manhã...
Em homenagem ao passado inexistente a partir de não-sei-quando.
E há promessas, há desejos... Há mãos dadas... Há pegadas na areia da praia.
Planejo sim!
Em mensagens, em pensamentos...
Em flores e beija-flores...
Em beijos. Em olhares.
Em telefones...

Recomeço, sim...
...A todo instante...

Por que não?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Não sei se o mundo é bão, mas ele ficou melhor!

.
Caro ano novo,

Venho por meio desta te deixar minhas palavras, para que vague inconscientemente pelos seus futuros dias.
Em 2008 as coisas se repetiram, mesmo que inconscientemente...
Eu sei o quanto é ruim falar dos Ex para os atuais, mas é inevitável...Tudo acontecia mas parecia que nada mudava de lugar.
O que não me entrava na cabeça em 2008 era me ver sozinha, sem ter com quem disputar um espaço debaixo da água, ou a toalha seca que descançava no box do banheiro. E isso, meu querido, não era tudo. Nem a pontinha do iceberg, se você quer saber.
Era divertido até, reclamar de tudo e imaginar que você poderia ser bem melhor. Ou não!
Não planejei nada com a sua vinda, me desculpa... Mas deixo tudo nas suas mãos, e espero que você me surpreenda. E que as surpresas sejam boas! Já não bastam as feridas que 2008 me deixou.
Agora você chegou, e a ficha talvez começe a cair...
Quero dizer, o tempo em Campinas permanece nublado, totalmente úmido. Na verdade eu nem sei interpretar exatamente o que sinto quando acordo de manhã e abro a janela...
Meus ultimos banhos tem sido com água quente, daquelas que faz uma fumacinha gostosa que inunda o banheiro todo...
Mas começamos assim... Cheiro de sabonete diferente, o perfume que eu passo agora, banheiro com fumacinha de água quente. Agora eu não me sinto tão sozinha, confesso que não totalmente. Algumas coisas estão mudando aos poucos e eu realmente gostaria que com você fosse diferente.
Que 2008 me perdôe, mas você me parece mais atraente.
De alguma forma você me conhece, mas eu não sei nada sobre você.
Contudo posso dizer que você já me tem nas suas mãos, então cuida bem de mim...
Não precisa, aliás, responder a essa carta. Responda-me atravéz de dias calmos e tranquilos, pois é disso que eu preciso.
2008 foi agitado demais. Quero paz. Principalmente ao meu coração.
Torço pela nossa sobriedade.

Saudações,
Camila R.F.