Imaginei se meu coração fosse o mundo
Imaginei então meu coração quando nasci, tão puro, recém formado...
Doce, inocente, perfeito...
Imaginei a primeira pessoa a habitá-lo
O primeiro amor da minha vida
Aquele o qual eu juraria proteção eterna, a quem tudo eu daria, por tudo eu o faria feliz!
E tudo eu faria pensando nele. E se algo lhe faltasse, de alguma forma eu criaria para que lhe completasse...
Imaginei para este primeiro habitante um lindo jardim.
E com todas as flores eu o enfeitaria...
E de todos os dons, o maior de todos ele teria: a fé!
E eu falaria com ele, caso ele se sentisse só e confuso...
Imaginei este meu único habitante se multiplicando em dois.
Ele e mais uma, que se encaixasse em corpo e alma.
Dois habitantes perfeitos, recém nascidos, assim como meu jovem coração...
Imaginei se um desses tivessem me traído.
De tanto amor, infiel,
De tanta devoção, infiel...
E meu coração, pequeno e inexperiente, machucando-se pela primeira vez
E tamanha dor, que fez-me chorar, um chôro de uma tempestade que não cessa...
E o tempo passando, mas minha esperança ainda presente.
Imaginei meu coração um mundo de 1000 anos, 2000 anos, 3000, 4000, 5000...
Imaginei meu coração, o mundo hoje!
Cansado, traído pela enésima vez
Machucado, ferido...
Imaginei aquele jardim destruido
E pensar que fiz tudo isso e dei de presente... Imaginar que eu poderia refazer tudo, refletindo que este meu coração já está perdido...
E pensar em todas as pessoas que nele vivem e viveram... E por viver nele, amei cada uma delas. E elas nem se lembrando que este mundo é na verdade meu coração.
E que por amá-las, deveriam ao menos me tratar bem!
Não contentes em trair-me, fizeram de mim qualquer coisa...
Mas felizmente não são todos que me esquecem.
Aqueles, descendentes do primeiro, estes têm consciência! estes se lembram de mim...
Conhecem o lugar onde vivem, e pensar que se esforçam para fazer meu coração respirar...
Então manteria-me com força
Por amor a estes que se lembram de mim...
Por amor, por verdadeiro amor, manteria este mundo em vida.
Faria em milagre novas nascentes...
E lutaria, sozinha se precisasse, para que em vida continuasse.
Mas eu não conseguiria...
Imaginei meu coração imenso, grande, quase derrotado, cansado... Lutando sozinho para manter-se vivo!
Não, eu não conseguiria...
Precisaria da ajuda daqueles que se lembram de mim...
E daqueles que tem consciência de que um dia este lugar foi um lindo jardim.