quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Eu vou descendo por todas as ruas...
Apesar de não controlar o solo onde ando
Tenho o controle da minha mente e coração
E o solo vai se rasgando
Mas vou seguindo no caminho cheio dos pedaços caidos das casas
E deixando o resto do que sobrou pra trás
E passa tudo, correndo por todos os minutos do tempo
Que, preciosos, vão levando a minha vida
Vou pra cama com todos os sentimentos
Uma imensidão que não cabe no travesseiro
E troco olhares com todos os impulsos para partir
Mas da minha jornada sei eu
E da fonte de todos os motivos eu sobrevivo
E rio, rio, rio despojadamente dos meus próprios medos
Rio só por sentir
Pela plena liberdade de espírito
E, sendo sincera, contradigo-me o tempo todo
Mil perdões
Eu sinto tudo e de todas as maneiras
Os medos que me rodeiam
Transformam-se num piscar de olhos em brasa quente
E, só de sacanagem, passo descalça
E logo ali na frente, coloco os ladrilhos no lugar do carvão
E vou me despedindo...
E vou me despedindo...
(05/09/2010)
domingo, 18 de julho de 2010
Perto de você
E quem mandou me olhar assim?
Essa sua cara de quem desafia mesmo sem querer confrontar
Pensa que pode fazer o que quizer de mim?
Só porque me sinto tonta na palma das suas mãos?
Eu corro pra não ser quem eu fugi de ser a vida toda
E sinto toda delicia do veneno da serpente a escorrer no meu pescoço
Mas quem mandou me dominar assim?
Começou na brincadeira e foi arrepiando as minhas pernas, meu peito e pescoço
Atirando na minha cara a vontade tórpida de ser mordida pelos dentes seus...
Eu que não tinha medo nem da vida nem da morte
Eu dava risada dos seus objetivos enquanto eu não tinha rumo algum
E hoje digo que pode ser amor, paixão, o escambau que seja
Eu me perco nas verdades inventadas e nas expressões desmedidas de desejos e vontades
Seu caminho escorrendo pelo vão dos seus dedos e eu fazendo hora
Decoro o timbre da sua voz pra poder entender quando e como fazer
E a frequencia do seu pensamento a combinar com o meu
Traduzo seu jeito de falar pra saber das suas pretenções
Mas exijo, pro bem ou pro mal, que você me diga com toda sinceridade
Eu gosto é da verdade
E pra falar em verdade...
O que eu quero é deixar no teu sangue um pouco do meu
E ser metade de tudo que anda à flor da sua pele
Porque seus passos te levam pra longe dia sim dia não
E não tão distante já não poderei confundir nossos perfumes
Ou apertar meus dedos na sua nuca e depois de nos estranharmos, nos divertirmos, nos explorarmos e nos amarmos numa só noite
Adormecer no seu abraço o meu cansaço
E acordar pra um passo a menos na nossa trilha
E para cada distancia sua a certeza de que eu vim querendo ficar
E estar cada vez mais perto do mais perto que eu possa chegar
Eu vou passar.
Como água quente que desliza sobre o corpo
Como que vem para acalmar
Eu vou passar.
sábado, 17 de julho de 2010
Como os nossos pais...
Estive mechendo nas minhas coisas e encontrei um texto que escrevi há uns 3 anos... As coisas não mudaram muito de lá pra cá, então resolvi passar pro computador e deixar registrado no meu blog por ter feito tanto parte de mim. E principalmente por acreditar que eu não devo ter sido a única a pensar assim um dia.
"Ao meu pai e minha mãe:
Há muito, o relicário que eu fui se fechou. Os esforço em mantê-lo puído era dado pelo seu amor.
O amor fora demais, um para com o outro. E tudo o que restou fui eu. A ponte entre o passado e futuro. O feixo. A fechadura trancada.
Recebida entre lágrimas de emoção, deixada entre pedidos de perdão. Ninguém teve culpa de nada, e eu quebrando meus laços.
Olhei-me, pobre (de mim).
Aos dezesseis saí de baixo das asas da minha mãe e, muito antes, dos braços do meu pai.
Meus pais, a sua união instável refletiu-se na instabilidade da filha que num instante passado fechou os olhos e chorou... Era demais.
Crer em si era demais. A liberdade era demais. O mundo era grande demais e eu, um grão de arroz movimentado pelo ritmo dos ventos, indo de lá pra cá.
Hoje me defendo.
A boca que gritava na tentativa de uma barreira de proteção, hoje se cala. A minha luta me basta, a de vocês é outra e não cabe no meu caminho. Peguem um atalho.
Esse é o meu caminho e meu lar imaginário.
Não tenho um quarto pra chamar de meu, nem uma cama que seja minha. Mas eu tenho uma vida, e esta vocês me deram com o concentimento de Deus. No resto, aos poucos eu me acerto.
Ainda domada pelas circunstancias, presa à liberdade que senti pra mim. Há, ainda, as correntes e as caras feias. E na cama emprestada eu choro meus medos e por vezes solidão.
No fundo, a necessidade de um carinho, um abraço, e a vontade de voltar à infância protegida por camadas de sonhos e sorrisos.
E há também, no raiar dos meus dias, as forças que reúne nos sonos bem ou mal dormidos, o peito estufado e a prova de que eu sobrevivi sem esfriar, sem julgar ou atacar com pedras contra janelas.
Meus olhos ainda brilham.
Acredito em mim.
Acredito também em vocês. Longe ou perto, ausentes ou presentes. Cada um me passando à sua maneira a força necessária para que eu possa continuar.
Afinal sou herdeira dos seus traços, passos e gestos. Sou história. Sou concreta. Sou filha.
E vocês, pra sempre, meus pais."
domingo, 11 de julho de 2010
Sereno é quem tem a paz...
Para ser forte e suave, escrevo com mãos firmes a presença sutil dos meus segredos...
Mas é preciso apenas um pouco de segredo e de mistério para as coisas parecem maiores do que são.
Guardo tanto e tão profundamente meus pensamentos que desfarço entre reticências a confissão perigosa e vulgar.
Tenho o mundo nas mãos, tenho a resposta de todas as perguntas e as portas do meu caminho, todas abertas. No entanto, como estivesse embriagada, ando tropeçando de pedra em pedra, vendo as coisas de modo distorcido e ilusório. Dói-me a imaginação não sei como, mas é ela que dói.
É o resultado da preguiça de tanta futilidade, de tudo aquilo que o mundo entende como primordial e é, no fundo, tão secundário.
Gostaria de ter um manual de atitudes sensatas, de raciocínio lógico e tudo mais que as situações desse mundo pedem.
Ah, estou farta e cansada. Tenho 5 ou 50 anos, qualquer idade que a minha idade recusa.
Eu respondo às minhas próprias perguntas. Não que eu as saiba de cor. Eu não sei. Mas mantenho a calma e tranquilidade para me aplacar minha própria demência. E tento ser discreta para confiar ao menos em mim. E lógica para entender a minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto. Ser por dentro a grande fúria de uma tempestade e a bonança do sol e, quem sabe, o arco-íris.
Eu me coloco em certa situação e encaro meus demônios a sós. Sem por nem tirar testemunhas.
O chamo para um café da tarde e a luta começa.
Uma estranha sensação de segurança continua tomando conta do meu corpo e a mim pouco importa quem vence ou quem perde.
Essa segurança sou eu me dando a mão, com a coragem necessária para encarar o que há de vir.
Ainda que sobre apenas a carcaça, o meu escudo é forte.
É o que me cala e me protege.
É o meu segredo que me guia e mantém a serenidade.
E me entregar por tão pouco, é colocar pouco preço no valor que eu tenho.
domingo, 4 de abril de 2010
Como uma luz ou um mantra
Beirando meus 21 anos, a minha visão do mundo mudou...
Aos 14 eu sabia que o mundo era belo e infinito, que o homem era cheio de mistérios e que o segredo de tudo estava exatamente onde ninguém conseguia ver. E todo mundo, cego, sofria. E eu sem querer descobria aos poucos os caminhos que eu seguia.
Era tudo fantasia. Meu primeiro amor eu comparava a um tesouro pelo qual eu haveria de lutar, usando como arma o tempo, e da paciência eu fazia meu escudo. Três anos depois eu o alcancei.
Lembro-me na minha precoce emancipação, aos 16, dona de mim...
Aos 17 eu colocava então em prática tudo o que eu havia aprendido sobre o universo que havia em mim e em cada pessoa que eu encontrava pelo meu caminho. Eu abria seus caminhos e, abrindo-los, eu enchergava o meu próprio. E era tanta coisa, e eram tantas as visões que não me cabia na cabeça o porquê de ninguém no mundo entender a recompensa que viria em cada batida de porta que sofriam, e que haveria sempre uma razão para a lágrima caida e a dor absorvida.
Hoje, com quase 21 anos, a minha visão do mundo ampliou.
Não vejo e nem me indigno mais com os caminhos dourados de quem chora sem razão. Não presto atenção no homem de terno e gravata tentando se suicidar, nem na menina bonita e bem arrumada a chorar nos degrais da escada.
Hoje, beirando os 21, brilham aos meus olhos o mendigo na rua quase sem roupa e descalço que, com um pedaço de pão na mão, sorri aos que andam pela calçada e lhe deseja bom dia, um a um.
Hoje encontro graça no pai que não deixa suas crianças darem a primeira mordida do único pedaço de frango no prato antes de agradecerem à Deus a sua comida.
E no menino com um cavaco na mão, dentro de um ônibus apertado, tocando um samba de 68, contando sua história e a vontade e paciência de lutar pela música.
E no idoso de 78 anos que, abandonado pela família, trancado num asilo, conta sua feliz história de sucesso ao conseguir um lugar na sua moradia de aluguel para o seu mais novo e fiel amigo de 4 patas.
Hoje, a 2 meses dos meus 21 anos, eu sinto a diferença de algo que muda com o meu olhar, que levo como uma luz... ou um mantra:
Antes eu aprendia com o sofrimento de quem tinha tudo
Hoje, eu aprendo com o sorriso de quem não tem nada.
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