Tenho uma corrente amarrada ao meu corpo... Uma única corrente que laçada ao pescoço vai se desenrolando.
Pernas, mãos e língua...
E quem nunca se sentiu assim?
Impedida de prosseguir, de seguir, de chegar, se achegar, aconchegar...
'Inda' bem que é noite, mal podem ver meu desespero regado a sussurros.
A outra de mim está ali, do lado de fora, na contra-mão, fingindo sanidade.
Esta sou eu: Interna. Calada. Malfeita. Discreta. Hoje vencida, domada.
Uma tela na minha frente, mostrando um filme de um colorido tão intenso que me arde os olhos... E eu choro.
Reflexo dos lugares onde estive, dos carinhos que eu tive e dos sorrisos que eu dei.
Reflexos... Cruzo meus braços, defaço meus laços e choro...
Não sei qual rumo dali eu tomei, não sei.
A vida chega e dói, corta...
E foi na minha espontaneidade que fui pega.
Ora, mal sabia eu... Era proibido!
Era proibido ser feliz. Era proibido ficar ali.
Era proibido sentir dor ou amor... Era proibido.
Eu, fora da lei que sou, fui posta fora de todas as outras coisas
Fora das casas, fora das vidas e da lógica dos casais perfeitos.
Fora-da-lei.
Fora dos limites do certo e do errado.
Fora dos limites das noites mal dormidas.
Fora dos limites das dores escondidas...
Fora dos limites dos sorrisos estampados.
Fora dos limites das paixões.
Muito amor, extremo amor... Fora dos limites.
EU senti todas as coisas... vejo no filme que me obrigam a olhar.
Vivi todas as coisas... Como se fossem tudo. E o eram, para mim o eram.
O que para outros era um cotidiano dos finais de semana... Para mim, cada gesto era todos os gestos desse mundo.
Vivi o que toda gente vive... Mas pra mim foi a válvula. A exceção. A perfeição.
O experimento de uma vida que eu poderia ter, e que não era minha por não poder...
Senti tudo de todas as maneiras, vivi tudo de todos os lados.
Cometi todos os crimes.
E me julguem como necessário, não vou mais reagir.
Eu choro, do tanto que sorri.
E chamem Tiersen, Marradi e Chopin a velar minhas lágrimas que secam na areia deste chão.
Daqui vai nascer quem há de crescer.
Pois da dor há transformação.
Transfiguração.
Festejam a minha dor e lançem sorte do lençol que sobrou.
Coloquem uma fita azulada no que sobrar e joguem ao mar...
Do lado de fora, agora, vou para a cama com o souvenir dos sentimentos mais discretos, em cujo baixar de olhos há uma paisagem das colinas de um corpo há muito apreciado...
Deixo em cima da cômoda a intenção de um anel
E calo a minha boca, afogo-me na noite com o sono que, provavelmente, não há de vir.
terça-feira, 31 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
Nada vai me segurar!
Vou falar no vocabulário popular.
Cansei de fingir, das entrelinhas, de esconder numa frase as minhas quinquagésimas intenções.
Quero mesmo é que entendam a minha voz, e que eu supere os mil autofalantes da Adriana Calcanhotto.
Tem um monte de gente ao meu redor gritando histéricamente o que vêem em mim, enfiando seus dedos gordos nos meus olhos, ouvidos, até na minha garganta querem enfiar suas próprias falas.
E não pensem que seja revolta. Não! É sentimento! É vontade. É necessidade. Sou eu. E eu não sou o que se vê, mas o que se sente. Não sou sequer o caminho que eu faço, mas a razão pelo qual eu o tomo. E essa razão desconhecem.
Eu quero mais é chegar!
Tem tanta coisa ridícula nesse mundo. Tanta porcaria, tanto mal cheiro, tem umbigos de fora se orgulhando de tanta gordura.
E eu, na minha humilde tragetória, me esquivando das minhas próprias dores e confusões... Eu dou risada da ignorância alheia. Eu não sou um espelho, eu não sou o que querem que eu seja.
Eu furei a minha língua nos meus 18 anos.
Eu beijei mulher.
Eu não sou mais virgem.
Eu feri um coração por saber dizer não!
Pois é, eu sei dizer não, e sei muito bem como se faz isso. Simplesmente NÃO.
Já doeu tanta coisa... Já soube do que iria me acontecer, e isso não evitou que acontecesse. Também não evitou a dor.
Conselhos são dispensáveis, afinal uma pessoa só aprende quando sente.
Vai dizer que você nunca colocou a mão no fogo mesmo com pessoas te avisando que queimava?
"Ai!!!"
"Não falei pra vc não por o dedo aí, menina, que isso queima!"
"Buáááá"
"Vem aqui que a mamãe assopra"
Doeu, aprendeu, sarou... E lá vai a dita cuja da criança brincar com fogo de novo...
Adultos? Aonde?
Gente é gente! Coração é coração. Não muda.
O ateu, no susto de um acidente, deixa escapar um "Meu Deus, socorro!"... Sai vivo. Ainda ateu.
Não quero escandalizar. Eu quero é RESPEITO!
Pelas minhas escolhas.
Pela minha vida.
E pelo sentimento gritado dentro do peito.
E depois dizem que é pro meu bem... Ai-ai-ai.
Querem mesmo o meu bem?
Tragam ela pra mim!
sexta-feira, 20 de março de 2009
...
Estou assim, meio "sei-lá".
Sabe?
Sei lá.
Estava conversando com uma amiga minha e me lembrei de um texto da Elisa Lucinda, deu vontade de reler. E é incrível como não importa quantas vezes eu o leia, ele sempre me surpreende, então resolvi postar.
"A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas
Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!
A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento
Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!"
Elisa Lucinda
* * *
E mais selinhos! *-*
Este ela me passou pelo Assunto de Menina:
E este próximo veio do Clube da Luluzinha:
Com este, devo listar as 7 coisas que me fazem sorrir, então lá vai!
1- Meu gato, quando chego em casa e ele vem correndo me dar oi, miando e me fazendo carinho.
2- Meus amigos (todos!)
3- Coisinhas antigas
4- Riso (e pés) de neném
5- Beijos sapecas, em lugares proibidos.
6- Ver alguém sorrindo pra mim.
7- Acordar com o meu amor.
Depois disso eu deveria escolher 7 blogs que me fazem sorrir, mas vocês sabem que sou péssima em escolher blogs porque amo todos da minha lista! Então, como é de praxe, repasso os selinhos pra quem, da minha lista, aceitá-los! ;)
quinta-feira, 12 de março de 2009
Sem lenço e sem documento...
Não desperdice a sua vida com aquilo que lhe vai ser tirado. Confie na vida. Se você confiar, só então, será capaz de abandonar o seu conhecimento, só então, poderá colocar de lado a sua mente. E com a confiança, algo imenso tem início. Esta vida deixa de ser uma vida comum, torna-se plena de Deus, transbordante.
Quando o coração se torna inocente e as paredes desaparecem, você fica ligado ao infinito. E você não terá sido enganado; não existirá nada que lhe possa ser tomado. Aquilo que pode ser tirado de você, não vale a pena guardar; e aquilo que não há como ser tirado de você, por que haveria alguém de ter medo que lhe seja tirado? -- não pode ser levado, não há possibilidade. Você não pode perder o seu tesouro verdadeiro.
Osho The Sun Rises in the Evening Chapter 9
Comentário:
Este é o momento de ser aquele "ioiô humano", capaz de se atirar no vazio sem a proteção do cabo elástico amarrado aos pés! E é esta postura de confiança absoluta, sem reservas nem redes de segurança escondidas, que o Cavaleiro da Água exige de nós. Uma grande euforia nos invade quando conseguimos dar o salto para o desconhecido, ainda que essa simples idéia nos apavore.
E quando adquirimos confiança ao nível do salto quântico, deixamos de fazer quaisquer planos elaborados, ou preparativos. Não dizemos: "Muito bem, confio que sei o que fazer agora: vou pôr em dia meus negócios, preparar minhas malas e levá-las comigo". Não; nós simplesmente saltamos, sem pensar muito no que virá depois. O importante é o salto, e o arrepio que ele nos
provoca à medida que caímos em queda livre pelo vazio do céu.
A carta nos dá, entretanto, uma "deixa" a respeito do que nos espera no outro extremo -- um delicado, convidativo, um delicioso rosado... pétalas de rosa, um suculento... "Venha!"
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