E quem mandou me olhar assim?
Essa sua cara de quem desafia mesmo sem querer confrontar
Pensa que pode fazer o que quizer de mim?
Só porque me sinto tonta na palma das suas mãos?
Eu corro pra não ser quem eu fugi de ser a vida toda
E sinto toda delicia do veneno da serpente a escorrer no meu pescoço
Mas quem mandou me dominar assim?
Começou na brincadeira e foi arrepiando as minhas pernas, meu peito e pescoço
Atirando na minha cara a vontade tórpida de ser mordida pelos dentes seus...
Eu que não tinha medo nem da vida nem da morte
Eu dava risada dos seus objetivos enquanto eu não tinha rumo algum
E hoje digo que pode ser amor, paixão, o escambau que seja
Eu me perco nas verdades inventadas e nas expressões desmedidas de desejos e vontades
Seu caminho escorrendo pelo vão dos seus dedos e eu fazendo hora
Decoro o timbre da sua voz pra poder entender quando e como fazer
E a frequencia do seu pensamento a combinar com o meu
Traduzo seu jeito de falar pra saber das suas pretenções
Mas exijo, pro bem ou pro mal, que você me diga com toda sinceridade
Eu gosto é da verdade
E pra falar em verdade...
O que eu quero é deixar no teu sangue um pouco do meu
E ser metade de tudo que anda à flor da sua pele
Porque seus passos te levam pra longe dia sim dia não
E não tão distante já não poderei confundir nossos perfumes
Ou apertar meus dedos na sua nuca e depois de nos estranharmos, nos divertirmos, nos explorarmos e nos amarmos numa só noite
Adormecer no seu abraço o meu cansaço
E acordar pra um passo a menos na nossa trilha
E para cada distancia sua a certeza de que eu vim querendo ficar
E estar cada vez mais perto do mais perto que eu possa chegar
Eu vou passar.
Como água quente que desliza sobre o corpo
Como que vem para acalmar
Eu vou passar.