sábado, 3 de outubro de 2009

Ascenção

Escrevi um texto um tanto quanto surreal... De qualquer forma, espero que entendam, pois como diria Clarisse: "a palavra é a minha quarta dimensão"...

De repente, os olhos dela se abriram de modo que o céu além das estrelas poderia ser visto, como um túnel levando ao infinito.
Sentiu suas mãos retomando os movimentos e numa vibração única de energia alçou vôo... O vento lhe acariciava os poros da pele à proporção que seu corpo se elevava, indo na direção do inalcançável e da perfeição...
Pôde ver a sua própria casa a metros de altura... Viu seu bairro e os movimentos sutis dos que descansavam sob a sombra das árvores. E deixou que sua inconsciência a levasse para o melhor lugar que sua mente poderia imaginar.
Atravessou oceanos, passando rasante pela pele dos golfinhos que deixavam a profundidade do mar a brincar de serem livres como as aves... E pelo mesmo oceano, desviou dos mergulhos violentos dos pássaros que invadiam o mar em busca do seu alimento.
Passou por cima de grandes navios de carga e descarga, descarregando naquele mar rios de combustível... E caçando a bel prazer os mais belos e incríveis peixes que, ao fundo, faziam do mar um arco-íris.
Perfurou nuvens, as mais suaves e densas, quase sólidas... E percebeu que não eram feitas de algodão, mas pura energia, e uma mistura dos dois mais opostos elementos: ar e água. E viu que essa mistura de ar, água e energia, numa parte divertia crianças e sonhadores que deitavam na grama a adivinhar o que cada nuvem lhe parecia. N’outra vinham-lhes como salvação de uma tribo de caras-pálidas que colocavam seus joelhos a rezar toda noite em busca de alimento para seus filhos.
E acompanhou trajetórias de alguns aviões, uns grandes outros pequenos, observando olhos de admiração, sonhos, medos, enjôos, ânimos, choros, sorrisos, desânimos, vida e morte...
E seguiu a sua rota, procurando os mais elevados montes para que descansasse um pouco da sua tão ampla visão, cheia de 360 graus. Viu a exata divisão de noite e dia, e a sombra que a Terra projetava na lua... E desceu...
Desceu...
Desceu...
Em algum lugar desse mundo ela desceu, encostando primeiro a ponta dos pés, depois os calcanhares, no mais alto penhasco que seus olhos puderam encontrar.
A visão era maravilhosa... Era a própria respiração da Terra fazendo-se física. Árvores em variados tons... Cascatas, lacrimejando suas gotas por todos os lados... Flores transformando-se em cores... Raios de sol a chicotear os picos congelados dos montes...
Abriu os braços e agradeceu por ter tal oportunidade de apreciar tanta beleza num só lugar onde tanta gente acredita fielmente que não haja mais espaço pra se criar.

Fechou os olhos e descobriu-se ainda em casa, na frente do espelho, com os olhos aparentemente abertos.

Ela sorriu... Estava de volta, a desbravar o próprio mundo...

8 comentários:

Ângelo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ângelo disse...

MUITO BOM.

Interessante através desse metafórico vôo, dessa "viagem astral" podemos enxergar coisas que estão diante dos nossos olhos que - infelizmente excessivamente embotados pelos nossos próprios pequenos problemas - não nos permitem enxergar esperança em absolutamente nada.

Precisamos e podemos "desbravar" o nosso próprio mundo sob o prisma de que existe um mundo. Além de nós mesmos, além da nossa pequenez e da nossa mesquinharia, que nos faz enxergar, como pequenos deuses do nosso pequeno mundo, nada além do nosso próprio umbigo.

Assim entendi seu texto, e, sinceramente, não me pareceu "surreal" e sim um mergulho amplo e profundo na realidade que nos privamos de ver.

Grande abraço, e obrigado por esse texto onde paradoxalmente, viajamos entre o nosso pequeno mundo e o grande mundo que também é nosso, queiramos ou não admitir.

Como diria o Grande Fernando Pessoa "...entender, entenda quem ler."

Entendi? euheuehue

lugar_teu disse...

o texto não é tão estranho assim.. quantas vezes dou por mim a pairar por aí.

bj milla*

Anônimo disse...

Gostei do texto. Muito diferente ^^

Grande beijo.

Lys disse...

E ela volta. Volta a escrever, volta a ser o que era, volta a sentir as coisas de uma maneira única e sem medo. Porque o medo não nos deixa enxergar a beleza que existe em cada segundo de vida que temos e o "não ter medo" é se entregar pra cada sentimento que se quer viver.
Essa "viagem astral" diante do espelho acabou. Agora vc está de volta.
TE AMO

Anônimo disse...

huhuuuuu que lindooo...
uma viagem...mas nao uma viagem qualquer, uma viagem que voce traz com um grande proposito..a vida...
viver, desbravar, conhecer ir alem...
amooo demasss
bjooo

Dois Rios disse...

Milla,

A imaginação paira por sobre a vida que criarmos para ela. Basta darmos-lhe asas.

Gostei muito do texto!

Beijo,
Inês

Natália disse...

"Viu a exata divisão de noite e dia, e a sombra que a Terra projetava na lua... E desceu..."

A visão maravilhosa e chocante que apenas você poderia me desvendar.