Você acha que me conhece?
Por quê?
Pelo que eu escrevo aqui...?
Pelo que você vê por aí?
Seria um mar de segredos inacabáveis, embora eu seja feita de uma água extremamente limpa e clara.
Tenho pensado e cobrado do espelho uma resposta que deveria vir dos ventos desse mundo.
Dos mesmos ventos que levam os meus passos a olhares tortos.
E tais olhares tem me batido de frente, me estampando cem paredes para que não haja motivos de comemoração no meio do meu caminho.
Isso me enoja.
Quem há de dizer que assim não se vive?
E quem haveria de cortar o próprio cordão umbilical e dizer que não foi pra isso que nasceu?
E dizem por aí que as pedras que me tacam são pra evitar que me aconteça coisa pior.
E dizer num olhar quase que estrupando as meninas virgens dos meus olhos que, horrorizados ao cair da minha máscara, hão de me mudar.
Tenho vencido e recebido meu cajado de ouro, no topo pra onde eu me mudei.
O topo mais alto do mundo.
Meu coração se abriu como um terceiro olho, observando as cores de todos os sorrisos.
Tenho descoberto cachoeiras em meio a grandes arranha-céus.
E tenho mergulhado nas mais suaves ondas, invejadas por muitos...
Tenho quebrado as pérolas, daquelas que não se arranham nem com mil machadadas de uma bigorna.
Tenho lido as linhas das mãos. Das minhas. Das delas.
Tenho me equilibrado nas quinas das calçadas, e dado gargalhadas nos quase tombos, rindo de mim mesma.
Tenho dado ouvidos a grandes lamentações e tirado as duvidas dos corações.
Tenho vivido e tenho sido quem eu sempre fui.
Por isso, pra esses olhares turvos que vem pra atingir, deixo-lhes uma rosa branca a tampar a visão como fosse o meu olhar a lhes encarar.
A minha paz, esta que me segue ao lado, ninguém há de tirar.