terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu nasci há 10 mil anos...

Eu cansei de ser aquele bonequinho de fantoche nas mãos de uma vida cotidiana.
Eu sou o que chamam de fênix, sou um pedacinho de cinza se transformando em gente. A poeira que dança no espaço, um pontinho de luz que se ascende no breu.
Eu não tenho medo da morte, nem do cansaço da vida. Eu não temo a guerra, nem espadas afiadas de dois gumes. Não tenho medo de andar nua pelas brasas do inferno.
Eu tenho sede de mim e da minha própria energia que descende dos meus antepassados:
Dos índios, dos italianos que sofreram exílio. Dos animais que sobraram da arca de noé, das bruxas que morreram com seus gatos nas mãos. Das árvores derrubadas das fortalezas do Eldorado, das poeiras estelares e dos buracos-negro que sulgaram planetas inteiros, e dos cometas com seus rabos a ordenar signos, sortes e azar.
Eu sou um pedaço do mundo que um dia foi um lar e hoje se transforma em caus.
Descendente do braço da cruz que levou Jesus e de um dos espinhos que perfurou sua cabeça. Eu senti Seu sangue escorrer. Descendo de Pedro, Maomé, Moisés, Jó e seus pedaços de carne crua pelo chão. Descendente dos homens das cavernas que saiam correndo a caçar dragões para poder se alimentar.
Cansei de me fingir de vítima, de humilde camponesa, presidiária de um corpo que não sabe voar. Desde pequena tive esse receio: o de me sujeitar a normalidade de um ciclo vicioso, da rotina e das responsabilidades. Procurava no topo das árvores o vento que eu não sentia ao ter os pés no chão. Procurava no fundo dos mares a suavidade que não encontravanas areias que afundavam meus pés.
Estou sujeita a todos os tipos de dores e de contratempos, sei que o que me ronda eu não posso controlar. Mas tenho direito as minhas escolhas, tenho direito a escolher pelo que eu choro e pelo que eu acredito ser feliz.
Eu sou diferente do que se está acostumado a ver. Não nego o fel do cálice que transborda em cada mão. Não me frustro com algo que dá errado porque eu não sossego até que eu deixe do meu jeito. Eu sigo. Eu vou. Eu faço... E se eu cançar, me perco dentro de mim até encontrar meu próprio bixo-papão e enfrentá-lo como venho enfrentando todas as outras coisas que se colocam contra mim.
Eu sou a imperfeição e o consolo da mesma.
Não tenho medo do erro. E se me perguntarem o que eu temo, é fácil responder: tenho medo é de ter medo!
De tanta coisa que já passou por esse chão, do sangue derramado pelas mãos de Hitler e pelos soldados de Bush. Das magias negras, dos corações partidos, de senhorias transando com animais e distribuindo suas doenças pelo povo humilde e pelo meu Brasil antes virgem e intocado, hoje povoado e caído, sofrendo venda de terras pra um exterior que mal se preocupa em manter a Terra a salvo.
Eu, que não cometo crimes ediondos, dou minha cara a tapa e cuspo mel nos meus pés.
Eu, que por ser diferente sou julgada de todas as formas, observando as achuras de uma terra já seca de tanto chorar.
Respondam-me, vocês, uma coisa: Eu, que não lhes devo uma moeda, deveria me preocupar em lhes agradar?
O céu é limite, e é pra lá que eu vou.
Tenho nas minhas veias a força de uma história que não começa em 1989, mas há milhões de anos atrás. Sou Filha de Gaia e de Deus.
Eu vejo pelos olhares não apenas menina muda dos olhos, mas homens e mulheres gritando e implorando por ajuda.
Não digo que gosto de sofrer. E quem gosta?
Mas uma coisa eu lhes digo, meus amigos, toda dor junta é muito pequena perto da certeza de se sentir a própria vida navegando dentro de si.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pandora

Fui convidada a participar de um novo projeto de blog. E o mais lindo da história é que fui chamada por uma pessoa que admiro muito nessa blogosfera, seus textos são perfeitos! A Lívia, do Assunto de Meninas me abordou numa certa noite e eu duvidei da idéia, mas como uma louca geminiana, no dia seguinte eu já estava criando a imagem do layout, empolgadíssima!
Ultimamente tenho andado um pouco sem tempo, afinal administrar trabalho e faculdade não é lá a coisa mais fácil do mundo, mas damos o nosso jeito, sempre. Afinal tudo que eu quis na minha vida eu consegui, então dominar um pouco o sono não é a luta mais árdua, os meus olhos ardem.

Enfim, sem mais rodeios, convido a todos a dar uma passadinha lá pra entender um pouco do que eu digo:


PS: Não, não estou abandonando esse blog, vou continuar aqui, mas darei um pouco o ar da minha graça por lá também.

sábado, 2 de maio de 2009

Uma carta pra vocês! (essa não é mais uma carta de amor)


É, meus amigos, ás vezes as coisas simplesmente não acontecem do modo como esperamos ou desejamos. Dizem que querer é poder, mas a verdade absoluta não é bem essa, porque o querer vem da gente e o poder, este vem de Deus.
Estive um tempo sem internet e computador em casa, mas agora as coisas parecem que voltaram a funcionar como deveriam, mas neste tempo não deixei de escrever e colocar no papel um pouco deste meu mundo de certo modo tão surreal e gritante.
Isso, gritante. Gritante como gritam meus olhos sobre o que acontece dentro de mim.
Mas desta vez escrevo, leitores, afim de uma conversa de humano para humano, e quem tiver sensibilidade, entenda as minhas linhas:

Oxalá liberdade fosse um presente obrigatório para cada um!
Ora, andei observando por aí as pessoas andando pelos corredores da faculdade e pelos becos solitários. Vi nos olhares um mundo de possibilidades e uma escravidão de necessidades, de afazeres e responsabilidades. A razão pesa no lado esquerdo do cérebro e as pessoas andam tortas, pendendo, quase caindo pro lado. Acontece que se pensarmos apenas naquilo que parece possível ou racional, esquecemos de tudo o que realmente queremos e o que resta são compromissos. E daí as pessoas se esquecem do gosto do dia-a-dia para viver em função de algo que ainda virá.
Não sou certa, nem exata, sou errante, uma vaga-bunda sem casa. Mas eu me conheço, passei por um processo de autoconhecimento que me rendeu muita força ao longo dos anos que já vivi e que ainda hei de viver! Eu me permito. Eu vivo a minha essência e o mundo para mim não é segredo. É curioso. É engenhoso. O mundo, assim como eu, vive sua essência, e ao contrário de mim, ele sim é exato e certo como deve ser. Eu nasci do pó, o mundo também. Logo, faço parte desta terra que nomeamos Gaia.
Assim como somos todos descendentes de um único ser, somos também filhos de Gaia. O mundo gira em torno de si mesmo e nós, querendo ou não, também somos assim, sempre motivados pelos nossos próprios desejos, buscando sempre o próprio prazer. E deste egoísmo surge a escravidão. Se algo dá errado por conta dos contratempos da vida, as pessoas culpam as voltas do mundo, mas isso é tolice: o mundo não nos deve nada. Ele chegou primeiro, depois os animais e por fim, humanos foram os últimos a povoá-lo. E para entender um lugar no mundo, é essencial que entendamos a nós mesmos.

Aconteceu recentemente, numa rua escura e pouco movimentada a espera de um ônibus, um pouco mais adiante, um homem espancava um mendigo enquanto eu era roubada por uma mulher que me dava duas opções: 10 reais ou um tiro na cabeça. Ela queria 10 reais, sabe-se lá para fazer o quê, ou a minha vida. Eu dei risada e enquanto tirava meu dinheiro do bolso, ela vendia a própria alma. Eu perdi 5 reais e a passagem do ônibus. Ela perdeu a si mesma, pela necessidade que tinha de comprar o que lhe custava exatamente 10 reais. Ela, ironizando, pediu pra eu chamar a polícia. E eu, na resposta de sua ironia, respondi que ficasse tranqüila e fosse com Deus. Eu não sei por qual caminho aquela mulher tomou seu rumo, mas seja onde for, ela mal sentia a sola dos seus pés. Enquanto o cara que batia no mendigo provavelmente não sentia mais que sua mão calejando.
Passado alguns minutos, apareceram dois caras, estendendo a mão ao mendigo ajudando-o a levantar. Três minutos depois passou meu ônibus, entrei e a cobradora, ao saber do assalto, não cobrou a minha passagem.
Tenho dó da mulher que me roubou. Tenho dó do cara que bateu no mendigo. Não me fez falta aquele dinheiro, e o mendigo recebeu um aperto de mão... E vai saber quando fora a ultima vez que ele teria recebido um aperto de mão de alguém.

Esses foram exemplos fortes de egoísmo e escravidão, e infelizmente é fato diário, acontece todos os dias.
As pessoas não sabem viver quem são, e vivem quem querem ser. E quem não consegue desfarça sua frustração numa carreira de cocaína ou numa garrafa de cachaça barata. A vida sempre exige mais. Se você for bom, a vida vai querer que você seja melhor. E é por isso que temos que ser quem somos, nem melhor nem pior, nem mais nem menos.
O mundo é cheio de possibilidades, cheio de lugares maravilhosos e de becos horrorosos. Se somos feitos de pó, se somos de origem de Gaia, também somos assim. Temos nossos lugares, nossos mistérios, nossas maravilhas, nossos defeitos, temos nosso lado horrível e obscuro, mas temos todos a própria luz.
Isso é liberdade. É ser quem realmente se é. É ter suas caras, suas expressões, é sentir à flor da pele a sua própria alma tocar onde toca sua mão.
E nessa prisão de tentar agradar a si, as pessoas esquecem de se amar, esquecem de se ter pra ter aquilo que considera ser o seu prazer.
Todo mundo quer ser feliz. E a felicidade está dentro de cada um.
Esse é o segredo da liberdade.
Esse é o segredo de se conseguir o que se quer: procurar dentro de si.
Todo mundo sai correndo atrás da felicidade, mas aí vai um segredo que aprendi e guardo com todo coração: A felicidade é simplesmente o modo como caminhamos, não um destino.

PS: Como lição de vida, nossa Terra, mesmo com tantos mals tratos e destruições, mantém-se viva, brilhante e imensa como sua essência é: